25 de nov. de 2008

A Vida de David Gale

Quarta-feira na Trópis

Trocamos as muitas pernas e campos verdes do futebol por um filme bacana. (Surpresos?)
Desta vez, A Vida de David Gale (The Life of David Gale, 2003)


Kevin Spacey interpreta David Gale, um professor universitário e ativista na luta contra a pena de morte nos Estamos Unidos, que é condenado à morte por estupro e assassinato. Completam também o elenco: Laura Linney e Kate Winslet e direção de Alan Parker (de Evita).

Apesar da rápida e desprentensiosa opinião aqui contida, há mesmo grande conteúdo no filme, não exatamente se tratando apenas da pena de morte, mais: sobre vida.
O tema é denso, introduz uma idéia, contribui para a reflexão. O filme, bem realizado.
Vale conferir.

Alguns links:



(Artigo sob suspeita do Wikipedia, procure pesquisar também em outros meios !)


Brasil começa a assumir sua COR!

No domingo, pós-Consciência Negra, um clima de agitação tomou a casa Trópis: eram muitos olhos e algumas folhas de jornal. A compra da Folha de São Paulo de domingo não foi por acaso.
Anexo aqui um texto escrito por Ralf Rickli sobre o conteúdo fantástico da pesquisa IBGE/Data Folha a respeito da visível dimiuição do preconceito entre brasileiros, partindo do aumento no número de pessoas que assumem sua cor: negros e pardos.
P.S.: um pouco mais sobre o Dia da Consciência negra:

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BRASIL COMEÇA A ASSUMIR SUA COR
e sua participação na História!




I. Acordo, pego um café e leio no UOL: "A proporção dos entrevistados que se autodeclaram brancos caiu de 50% para 37%, enquanto a dos que se dizem pardos aumentou de 29% para 36%."
 
É bom lembrar que, além de afrodescendentes mestiços, a categoria "pardo" acolhe também a maior parte dos índios e seus descendentes (mestiços e índios que não sabem que são).
 
Os dados são de pesquisa da Folha (instituto Datafolha) contraponteada com outra do IBGE - e mesmo sem querer fazer merchandising não posso deixar de sugerir que se compre a Folha deste domingo (23/11), pois o caderno especial contém mais material relevante de acesso exclusivo de assinantes uol/Folha do que é prático ficar salvando e compartilhando pela net.
 
Só mais um aperitivo:  "Há 13 anos, quando o Datafolha fez a sua primeira grande pesquisa sobre o tema, metade dos entrevistados se definiram como brancos. Hoje, são 37%, percentual próximo ao dos autodeclarados pardos (36%). Os que se classificam como pretos representam 14% da população com 16 anos ou mais."
 
Quer dizer: autodeclarados brancos: 37%; autodeclarados pardos + pretos: 50%.
 
E ainda: "Para o sociólogo José Luiz Petrucelli, do IBGE, contribuiu para esse aumento o que ele chama de processo de revalorização identitária. 'O que antes não entrava nos padrões de beleza ou prestígio e era desvalorizado hoje mudou para se constituir em referência, até para poder usufruir de vantagens relativas', diz, referindo-se, por exemplo, a ações afirmativas que passaram a dar benefícios a pretos e pardos no acesso ao ensino superior."
 
II. Processo de revalorização identitária de 1995 para cá... Modéstia à parte, acho que também dei minhas pingadinhas de água com as asas, no incêndio que havia a apagar: quando comecei a trabalhar com educação dentro da população periférica, em 1993, senti que esse era o primeiro problema a ser atacado no Brasil - pois de quem está mal com sua própria identidade não tem como sair nenhuma revolução.
 
Justo de 1993 a 1998 esse foi o principal tema da minha atividade pública pessoal (quero dizer: além dos trabalhos de mera sobrevivência): vivia falando aqui e ali sobre a grandeza da história africana, e em 1994 (por uma sugestão da Ute Craemer!) escrevi O Dia em que Túlio descobriu a África. "O Túlio" só foi publicado em 1997, e ainda assim só 300 exemplares - mas tenho a satisfação de ter vários relatos de gente que parece ter encontrado seu eixo depois de ler o livro.
 
Claro que não estou dizendo que fui eu que fiz  :-D ...  Ao contrário: foi uma onda, um movimento histórico no verdadeiro sentido da expressão (que ultrapassa de longe os movimentos conscientemente organizados), que usou milhões de pessoas que se puseram à disposição para isso.
 
O que estou querendo apontar é a relevância de a gente buscar desenvolver o FARO PARA AS QUESTÕES QUE TERÃO IMPORTÂNCIA HISTÓRICA EM DETERMINADO PERÍODO - faro esse aplicado diretamente na realidade circundante, e não dentro dos livros - no mínimo porque quem só olha dentro dos livros tende a ficar míope, e quem fareja dentro deles corre o risco de ficar asmático (com falta de fôlego vital) devido ao inevitável mofo que o tempo ajunta a todos eles, sem exceção...
 
Com abraços calorosamente pretos & pardos,
 
Zé Ralf - trisneto da escrava Floriana Rosa do Espírito Santo
(e infelizmente sem pista de nome dos antepassados indígenas)






Tribunal Popular. 04, 05 e 06 de Dez./2008


O ESTADO BRASILEIRO
NO BANCO DOS RÉUS

04, 05 e 06 de Dezembro de 2008
Faculdade de Direito São Francisco
Lgo São Francisco, São Paulo-SP
Inscrições:
http://www.tribunalpopular.org
tribunalpopular@riseup.net

Desde o final dos anos oitenta, com a Constituição Federal de 1988 e com a realização regular de eleições diretas, o Brasil vem sendo considerado um Estado Democrático de Direito - sendo inclusive signatário dos principais tratados e convenções internacionais de direitos humanos.

Entretanto, os ordenamentos jurídicos que visam a garantia dos direitos fundamentais dos cidadãos, como se verifica, não são colocados em prática. Muito ao contrário, o Estado - que, nos seus próprios termos, deveria garantir os direitos e promover a justiça social-, por meio de seus aparatos e suas instituições, viola sistematicamente os direitos das populações mais pobres das favelas, das periferias urbanas e do campo, sobretudo os jovens negros, quilombolas, indígenas e seus descendentes.

O objetivo da realização do Tribunal Popular é se contrapor às celebrações oficiais dos 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos ao julgar o Estado Brasileiro pelas práticas sistemáticas de violações de direitos.

O Tribunal Popular realizará 04 sessões de instruções, as quais ocorrerão nos dias 04 e 05 de dezembro de 2008 e abordarão casos emblemáticos envolvendo violência institucional do Estado:

1- Operações militares sob o pretexto de segurança pública em comunidades pobres: a chacina no Complexo do Alemão no Rio de Janeiro, em 2007, quando a força policial executou 19 pessoas;

2- A violência estatal no interior das prisões do sistema carcerário: o complexo prisional baiano e as execuções discriminadas da juventude negra e pobre na Bahia;

3- Execuções sumárias sistemáticas da juventude pobre: os crimes de maio de 2006, em São Paulo, quando foram executadas cerca de 400 pessoas em apenas oito dias, marcando uma das semanas mais violentas da história brasileira;

4- A criminalização dos movimentos sindicais, de luta pela terra, pelos direitos indígenas e quilombolas.

No dia 06 de dezembro ocorrerá a sessão final de julgamento, onde um júri composto por juristas, intelectuais, lideranças de movimentos e de entidades, artistas e principalmente vítimas destas violações e seus familiares se pronunciarão a respeito do Estado penal brasileiro.

Mais Informações:

http://www.tribunalpopular.org




PANELAFRO - 28/11

10 de nov. de 2008

Trópis Hoje - em construção



O site da Trópis está passando - pouco a pouco - por uma reformulação.

Este trabalho, árduo trabalho, resultará na atualização da página Trópis Hoje - entre outros detalhes - para que todo mundo saiba o que anda acontecendo aqui, agora e, inclusive, com quem !


Ainda que não esteja terminado, confira o que foi feito até agora:



Mudança de Ritmo da Biblioteca Trópis

Domingo-Fera:
algumas mudanças...

Queremos anunciar que a Biblioteca Trópis continua à disposição de vocês, mas infelizmente teremos de interromper o ritmo regular de atividades programadas todo domingo, pelo menos até o fim de janeiro de 2009.

Em novembro/dezembro/janeiro devemos ter um ou dois domingos programados por mês, os quais serão divulgados oportunamente. Em novembro deverá ser dia 23 ou 30. Você ainda receberá a confirmação e o programa.
Caso ainda não receba a programação da Trópis, envie um e-mail para tropis@gmail.com e peça para ser incluído em nossa lista.

Nos outros domingos muitas vezes estaremos aqui vendo um filme e/ou batendo um papo, porém sem compromisso. Para confirmar se estaremos aqui antes de sair, você sempre pode ligar para (11) 5511-8156 ou 8552-4506; note que só atenderemos o fixo entre 10 da manhã e 01 da manhã (isso mesmo!) e não o atenderemos a cobrar jamais!

Por quê? Bem, a principal razão é a seguinte: o trabalho que vínhamos fazendo é apaixonante, mas ao mesmo tempo trabalhoso, pois o levamos absolutamente a sério. As contribuições que temos recebido não passam de R$ 200,00 por mês, enquanto nesta casa o mero custo de aluguel e serviços (água, luz etc.) beira os R$1.500,00/mês. Além disso eu (Ralf), assumi até agosto de 2009 um custo de R$400,00/mensais de um curso de pós lato sensu na UNISA.

E aí nenhum de nós tem energia suficiente para trabalhar duas vezes: uma para cobrir os custos e outra diretamente no oferecimento das atividades.

Quero dizer que não desistimos, não só continuaremos oferecendo atividades em ritmo menos frequente, como também fazendo intervenções de outros modos.

E por essa razão, continuamos precisando de apoio - seja de pessoas mais distantes, seja dos prórpios tropeiros antigos que atualmente estão em condições de contribuir, e que entendem que devem um tanto dessa condição ao que receberam da Trópis em anos passados.

Se em vez de diminuir, o apoio aumentar, aí é provável que em fevereiro venhamos a retomar o ritmo trabalhoso, mas delicioso ritmo, que vínhamos levando nos últimos meses !

Ralf Rickli


P.S.: O Blog da Trópis continuará trazendo notícias, informações, programações do que está acontecendo, acompanhe!

Programação 02 de Novembro

Dia de Finados na Trópis
02 de Novembro de 2008

Quem veio pôde apreciar o encantador e chocante The Bubble (A Bolha) - Israel, 2006, com áudio original em hebraico - filme que se passa em um bairro boêmio-intelectual de Tel Aviv, onde vários preconceitos são confrontados de uma vez pelo amor entre um jovem judeu e um palestino. O diretor israelense Eytan Fox faz a um só tempo uma severa denúncia do papel opressor que seu próprio país vem exercendo e ao mesmo tempo uma emocionada celebração da unidade da humanidade apesar de todas as diferenças - como só o amor (em qualquer uma das formas) é capaz de revelar.

Como não poderia deixar de ser, uma roda de conversa explorou as várias percepções do filme. O dia de finados acabou por desviar - um tantinho - o papo: só depois da leitura de um trecho de Morte e Vida Severina por Ralf, conseguimos nos concentrar no filme.


Poucos dias depois, em 08/11, nos deparamos com uma notícia no site da UOL citando Tel Aviv.